Descrição
Quando Junior estreou no time profissional do Flamengo, em 1974, era um novato com postura de veterano. Jogava de cabeça erguida, defendia com firmeza e tinha o senso exato da hora de ir ao ataque – o que, para alguém com a vocação dele, era quase sempre. Naquele ano, deu a primeira de dezenas de assistências para Zico marcar, e logo contra o Vasco no Maracanã lotado. Na primeira decisão, fez seu primeiro gol, em um chute da intermediária. Aquela confiança, aquela lucidez, aquele brio, não deixavam dúvidas: o corpo era de menino, a alma era de um rubro-negro secular.
Antes de se tornar atleta, Junior tinha especial admiração por dois jogadores: Samarone, pela classe e pela elegância; e Reyes, pela raça e pelo coração. Quando se tornou um símbolo do Flamengo campeão de tudo, Junior fazia a gente se perguntar: como pode alguém com tamanha classe e elegância jogar com tanta raça e coração?
Se Junior tivesse deixado o futebol na noite de 1 de junho de 1990, quando reuniu as seleções de Brasil e Itália da Copa de 1982 em Pescara, já seria um dos maiores jogadores de todos os tempos. Aquela partida, vencida pelos brasileiros por 9×1, teria sido a despedida de Junior dos gramados, que fez um golaço de falta. Mas foram tantos os pedidos para que ele continuasse mais um pouco, que ele cedeu. E ainda brincou: – “Eu disse tchau e a bola fingiu que não ouviu”.
Junior voltou ao Flamengo, que ainda chorava o adeus de Zico. Voltou para ser o último dos campeões mundiais em campo. E foi o melhor jogador das conquistas rubro-negras da Copa do Brasil de 1990, do Campeonato Carioca de 1991 e do Campeonato Brasileiro de 1992. Foi consagrado como Maestro. Quebrou o recorde de gols de falta marcados por um jogador do Flamengo em uma única temporada: foram 12, em 1992. Voltou à seleção brasileira para vestir a camisa 10. Se ele já era um dos maiores de todos os tempos em 1990, o que dizer depois das últimas sinfonias? Uma lenda.
Quando Junior parou de jogar pelo time profissional do Flamengo, em 1993, era um veterano com fôlego de garoto. O jogador que mais vezes vestiu o Manto Sagrado. No time do qual é um símbolo, ele usou os números 2, 4, 6 e até o 10. Mas seu símbolo definitivo é o 5. É impossível um fã de futebol, de pelo menos 40 anos de idade, ver uma camisa 5 do Flamengo e não pensar imediatamente: Junior. Curiosamente, acabou não tendo uma partida de despedida. Melhor assim, a bola ia continuar fingindo surdez. É impossível dar adeus a quem a gente ama.
SOBRE O PRODUTO
O livro Maestro Junior 70 é uma ode à eternidade do futebol. Ao fazer 70 anos, Junior conta histórias que nunca contou antes. Dos gramados, das areias e da vida. E dos arquivos da revista Placar, saem fotos jamais publicadas. O jogador que mais vezes defendeu o Flamengo, uma fábula em Turim, uma lenda em Pescara. Junior do futebol de areia, da Mangueira, do samba sem hora para acabar. Aos 70 anos, ele faz mais um golaço e te chama para comemorar.
SOBRE OS AUTORES
Mauricio Neves de Jesus e Mauro Beting estão para a editora Onze Cultural como Pelé e Coutinho para o Santos. Ou, mais adequadamente, como Zico e Junior para o Flamengo, ou como Leivinha e Ademir da Guia para o Palmeiras. São excelentes individualmente e melhores ainda como dupla. Depois de assinarem Zico 70, agora nos trazem Maestro Junior 70. Mais uma obra que a gente tem vontade de abraçar depois de ler.
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